Para o viajante o destino é o menos importante da Viagem. Viagens por lugares, imagens, palavras e sons...
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
nevoeiro e gaivotas. Barrinha de Esmoriz.
(...) a diferença reside precisamente na possibilidade de transgredir. A desobediência é a substância da individualidade e da liberdade.
Afonso Cruz in "Jalan Jalan"
sexta-feira, 27 de julho de 2018
terça-feira, 24 de julho de 2018
Islândia, crónica da terra do gelo VIII - a praia dos diamantes
Deus é apenas o nome para o nosso deslumbramento
Afonso Cruz in "Jalan Jalan" (citando Alfred Kazin)
segunda-feira, 23 de julho de 2018
Sahara, Marrocos. O universo e a arte
O universo é uma espécie de artista ao contrário, que faz uma escultura voltar a ser pedra bruta ou areia.
Afonso Cruz in "Jalan Jalan"
Areinho, o mergulhador e a física
Um mergulhador olímpico domina melhor as leis de Newton do que um catedrático que conheça muito bem a física.
Afonso Cruz in "Jalan Jalan"
segunda-feira, 2 de julho de 2018
domingo, 1 de julho de 2018
Sortelha, vila histórica
Sortelha é uma das mais belas e antigas vilas portuguesas, tendo mantido a sua fisionomia urbana e arquitetónica inalterada até aos nossos dias, sendo considerada uma das mais bem conservadas. A visita pelas ruas e vielas do aglomerado, enclausuradas por um anel defensivo e vigiadas por um sobranceiro castelo do séc. XIII, possibilita ao forasteiro recuar aos séculos passados, por entre as sepulturas medievais, junto ao pelourinho manuelino ou defronte igreja renascentista.
sábado, 23 de junho de 2018
Sorriso Audível das Folhas
Sorriso Audível das Folhas
Sorriso audível das folhas
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.
Ri e olha de repente
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo é vento e disfarçar.
Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
O que se não conversou
Isto acaba ou começou?
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
sexta-feira, 1 de junho de 2018
domingo, 27 de maio de 2018
Islândia, crónica da terra do gelo III - Seljalandafoss
Segundo a lenda, o primeiro colono Viking na
área, Þrasi Þórólfsson, enterrou um tesouro na caverna atrás da queda de água.
A lenda diz que os habitantes encontraram o baú anos depois, mas só conseguiram
agarrar o anel do lado da arca antes que esta desaparecesse novamente. O anel
foi supostamente dado à igreja local. O antigo anel da porta da igreja está
agora no museu Skógar.
sábado, 26 de maio de 2018
Islândia, crónica da terra do gelo II - Idade
Muitas vezes, o que se adquire com a idade não é sabedoria, mas intolerância.
C. J. Tudor in "O Homem de Giz"
Islândia, crónica da terra do gelo I - Viajar
Viajar é uma forma de loucura, é sair do seu lugar, prescindir do conforto e entregar-se ao desconhecido.
Afonso Cruz in "Jalan Jalan"
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018
Contemplo o Lago Mudo, margem do lago Näsiselkä, Tampere, Suomi
Contemplo o Lago Mudo
Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece.
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece.
O lago nada me diz,
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo.
Trêmulos vincos risonhos
Na água adormecida.
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
sábado, 17 de fevereiro de 2018
escultura, atelier Paulo Neves, Abril 2005
Isto poderá parecer estranho, mas as artes têm entre si uma profunda alma tão unida que as feições caracterizadoras duma são, por vezes, intimamente comparáveis às feições caracterizadoras da outra: nada mais parecido com a música de Mozart do que a pintura de Rafael; nada mais parecido com a poesia de Dante que a escultura de Miguel Ângelo. E porque não? Todas as feições se parecem a exprimir o amor, a curiosidade, o terror: as artes são apenas as feições do belo ideal.
Eça de Queirós
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018
o vôo da Ave. Fez, Marrocos.
Antes o Vôo da Ave
Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto,
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão.
A ave passa e esquece, e assim deve ser.
O animal, onde já não está e por isso de nada serve,
Mostra que já esteve, o que não serve para nada.
A recordação é uma traição à Natureza,
Porque a Natureza de ontem não é Natureza.
O que foi não é nada, e lembrar é não ver.
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!
Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLIII"
pescadores na ponte Gálata, Istambul.
(...)
Ah, que tu és poderoso, pescador! caranguejo não te morde
Marisco não te corta o pé, ouriço-do-mar não te pica
Ficas minuto e meio mergulhado em grota de mar adentro
E quando sobes tens peixe na mão esganado, pescador!
(...)
Vinicius de Morais in "PESCADOR" Rio de Janeiro , 1946
fachada, Fez, Marrocos
O tempo destroi tudo, faz com que tudo se torne areia, mas enquanto isso não acontece, enquanto a árvore ou o edificio se mantém de pé, então o tempo, em vez de destruir, torna os seus sujeitos belos. Não há prédios feios com mais de cem anos.
Nem nenhuma pessoa.
Afonso Cruz in "Jalan Jalan"
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018
o mergulho. Florença, Itália
Pera quem as conchinhas ruivas cavo
Na praia, os brancos búzios apanhando?
Pera quem, de mergulho no mar bravo,
Os ramos de coral venho arrancando?
Écloga, Luís Vaz de Camões
quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
olhando... Rio Tsiribihina, Madagáscar
De Quem é o Olhar
De quem é o olhar
Que espreita por meus olhos?
Quando penso que vejo,
Quem continua vendo
Enquanto estou pensando?
Por que caminhos seguem,
Não os meus tristes passos,
Mas a realidade
De eu ter passos comigo ?
Às vezes, na penumbra
Do meu quarto, quando eu
Por mim próprio mesmo
Em alma mal existo,
Toma um outro sentido
Em mim o Universo —
É uma nódoa esbatida
De eu ser consciente sobre
Minha idéia das coisas.
Se acenderem as velas
E não houver apenas
A vaga luz de fora —
Não sei que candeeiro
Aceso onde na rua —
Terei foscos desejos
De nunca haver mais nada
No Universo e na Vida
De que o obscuro momento
Que é minha vida agora!
Um momento afluente
Dum rio sempre a ir
Esquecer-se de ser,
Espaço misterioso
Entre espaços desertos
Cujo sentido é nulo
E sem ser nada a nada.
E assim a hora passa
Metafisicamente.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
segunda-feira, 8 de janeiro de 2018
praia de cortegaça. Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia
Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia
Eu hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Chorámos, rimos, cantámos.
Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...
Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.
O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!
Deserto de aguas sem fim.
Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...
Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...
Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as aguas tingia.
«Voz do mar, mysteriosa;
Voz do amôr e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»
. . . . . . . . . . . . . . . .
E os poetas a cantar
São echos da voz do mar!
António Botto, in 'Canções'
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