DUNAS
É o mar do deserto, ondulação
sem fim das dunas,
onde dormir, onde estender o corpo
sobre outro corpo, o peito vasto,
as pernas finas, longas,
as nádegas rijas, colinas
sucessivas onde o vento demora os dedos, e as cabras
passam, e o pastor
sonha oásis perto,
e o verde das palmeiras se levanta
até à nossa boca, até à nossa alma
com sede de outras dunas,
onde o corpo do amor
seja por fim um gole de água.
Eugénio de Andrade In "Rente ao Dizer", 1992
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